segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Alarde



Não há graça no dia
Ou quem faça o meu sorriso
Ou perceba em meu olhar
Esse brilho estranho.

Não há
Qualquer fato em meu peito
Na cidade
Ou no mundo.

Tudo
Lá no fundo
É mistério triste
Rotundo.

Hoje no dia não há graça
Ou quem me faça tarde
Perceber em mim esse vazio
Qque trago em mim por ser sozinho.

Por ser alarde.

Rio, março de 2000.
João Mario Fleury Corrêa.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Do Tempo




Rasga o tempo a densa nuvem
Preciso o exato gemido de outrora.

Agora brotam rugas do chão
Como pegadas
Moldo-as sem saber se faço
Ou se acontece sempre assim.

Escondendo de mim
Duvidando de ser
Parecendo fim.

Rasgo o tempo eu mesmo
Correndo na praia
Abraçando o vento
Nariz erguido além-mar
Além estar.

Agorinha ainda
Pretendeu um velho brotar do chão
Mas foi pisado.

João Mario Fleury Corrêa
05/1996

Copyright.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Cego



Tarde a luz na poça tremula quando passa um vento, tento discernir que cheiros trazem. Não estou louco além do pouco que estava antes de meus pensamentos só pensarem nisso.

Tento desvendar que vozes ouço: me chamam gritos abafados pelo nome que não tive. Tarde a luz na poça me reflete o rosto. Gosto de brasa me queimando a linguarganta enquanto eu velho me torturo um tanto.

Ainda sangue sua de meus poros aqui e ali, aqui e ali me chamam vozes carregadas de desgraça, então disfarço. Não estou cego mais do que quando não me via.